sábado, 26 de março de 2011

Pensamentos soltos por ai





A noite já ia longa e a lua bem alta, á nossa volta a quietude do manto nocturno……bem no centro uma fogueira crepitava de orgulho por partilhar aquele momento…o fogo que destrói mas que também purifica..embalei o meu olhar numa chama que insistia em subir e descer em maravilhosos tons de azul como o meu coração índigo…tons fortes , tão fortes que algumas lágrimas rolaram, que o peito apertou de uma forma sem sentido e que alguns arrepios de emoção percorreram-me…queria entender esta avalanche súbita de sentimentos, queria entender o porque desta minha nostalgia absurda…haviam vozes que insistiam em falar-me, em dizer-me aquilo que talvez não quisesse ouvir…tento afasta-las em pensamento, tento comunicar com elas desesperadamente numa tentativa vã de as fazer partir…..mas não a dança das suas vozes perdurava na minha mente, fazia rodopiar os meus sentires em catapultas, tentei então chegar a um acordo, a um acordo intrínseco com o meu ser e com aquelas vozes que insistiam em nausear-me com passados longínquos, passados que se não fora estas vozes eu insistia em não lembrar, insistia em fugir, em fugir do espaço físico desse passado, não queria ter de voltar a tropeçar nele…estou cansada de saltar muros e barreiras, prefiro fugir como há tantos anos tão bem o fiz e que me levou ao que hoje sou…elaborar planos de fuga para a minha alma sempre foi um dos meus passatempos nesta dimensão para mim pesada… 
Olho uma vez mais para dentro e seguidamente para fora, decididamente vou continuar bem lá dentro, bem no fundo de mim…vou abstrair. me de tudo o que me possa toldar os sentidos em nostalgias ridículas e sem sentido..sem merecimento muitas vezes 
Roubei-me do mundo para me entregar a mim..decidi não entregar-me a mais nada ou ninguém , quero ser absolutamente minha…quero olhar, sorrir, passar, ignorar…ignorar de uma forma que irá magoar sem fim esse exterior de uma maneira tão forte que esse exterior vai ter vontade de passar rápido por mim…altivamente e sem culpas relego-o para um plano que nunca pensei….cansei-me da sua ambiguidade, da sua falta de coragem da sua fraqueza…não quero ninguém atrás ou a frente para caminhar terá de ser ao lado de outra forma não existirá..quero alguém que marque um passo uníssono, nem que para isso fique apenas a ouvir os sons dos meus passos…sozinhos mas sempre convictos, sempre cheios de si….quero lá saber se sou orgulhosa ou caprichosa ou até mesmo fantasiosa…sou e pronto….que quereis vós de mim que eu não vos poderei dar, que sombra é essa que insistis em mostrar-me…sou uma artesã de profissão e de alma, grandes complicações neste meu caminho pouco sentido fazem…nada pesam na minha balança interior…apenas fico um pouco triste, nada mais, nada nem ninguém ira roubar-me de mim outra vez…é neste voo de liberdade que adormeço e embalo a minha vida, abandonando estouvadamente o exterior, lançando-o num abismo sem eco….. 

Grimoire Marques

08_10_2009

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